quinta-feira, 20 de novembro de 2008

CARTA AOS NAMORADOS

Quero falar aos namorados,já sabendo que de nada adianata falar aos mesmos- eles nada escutam. E me pergunto se tenho mesmo coisas a dizer para aqueles que transformam sabedoria universal em divino esquecimento, e que perdem os olhos para toda a paisagem e perdem os ouvidos para toda melodia, só vendo e escutando o que eles próprios fabricam.
Desejo falar a esses que, enquanto namorados,sao cegos, muitas vezes surdos,algumas vezes mudos,e,num todo,felizes; mas que antes e após sao gente como a gente, no pedestre e fatigante dia-a-dia.Quero abrir contato com aqueles que são fora do tempo, das obrigações e que são,sem necessidade de RG ou CPF: para os muitos a quem os códigos impostos retrocedem, as multas acabam por envergonhar-se e até mesmo guerras e tratados internacionais encolhem o rabo;e acabo por me questionar o que diria aos conquistadores do tempo,que nascem a cada dia novos,renovados e inovantes,em meio a uma batalha constante em que nada,nem ninguém,se ganha ou se perde?
Ouso manifestar que o namoro é o destino dos humanos,destino que regula a intensidade de nossa dor,a amplitude de nossa doação e a complexidade de nosso inferno prazeroso.E que,mesmo que se monte a partir de peças apenas aparentes,num plano onde não s epode dizer com exatidão o que se é e onde se está,esse não é o problema: o problema é,antes,como exercer a arte de namorar,nao aprendida em vídeos educativos ou universidades,ainda que as mais conceituadas.
Nascemos ignorantes,namorados,vivemos ignorantes e morremos 3 vezes mais ignorantes,uma vez que nascemos,vivemos e morremos por algo sem explicação? Não;o que muito podemos não interpretar podemos,sim,aspirar como essência de um segredo perfumado sobre um mundo maior que este mundo.
E digo que isso de namoro é bem mais do que juntar duas atrações,em velho ou novo estilo,entre arrepios,murmúrios.silêncios,caminhadas,jantares,fins de semana,passeios,dias-dos-namorados,fotos coloridas,filmes,lençóis.motéis,beijos e carícias que não guardam,nem comportam a alma de ninguém. Namorar,se é que é alguma coisa, é o sentido absoluto que se esconde em gesto simples, não ijntencional e nem previsto, que dá gosto à cor do amanhecer, para durar e perdurar feito som de mar em conchas,ou no infinito.É um movimento que vai além de signo e de sintaxe,desprendido de estado ou condição.
Vocês,quero dizer-lhes,são estrelas fora de qualquer sistema ou situação;sao seres duplicados,abrangentes,que se miram e se desdobram em si mesmos e ,como tais,devem fugir da limitação terrestre que os persegue,invejosa,com dizeres do tipo:"Vai acabar!Desista!Fuja!Esqueça!",lembrando que são os fracos que esquecem,os tímidos que desistem e os covardes é que fogem,ao passo que imensos brilhantes nascem a cada hora-outros namorados,prontos para a novidade da mais antiga experiência,reafirmada em singelo,mas tangível, neologismo:namoramor.

3 comentários:

Anônimo disse...

...eu uma apaixonada amante! seguidora dos namoramor...eu um dia cega, hj uso lentes de contato e confesso! agora sim sou Feliz!!

Adorei seu texto...diz exatamente tudoo!!!

João Rafael disse...

como sempre o dorfo faz um texto que consegue ficar livre de criticas minhas, realmente, espero aparescer em alguma dedicatória sua daqui 80 anos, quando um de seus muitos livros for obra obrigatória nos mais conceituados vestibulares do país. Coloque algo do tipo "um abraço pro cara que sempre ganha de mim no futebol e me faz ficar em casa me lamentando e pensando em textos como este"
resumindo
boa dorfo

Rodrigo Mariano disse...

demais muleque...

se há um sentido na vida
é sentir