quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Ciúmes

O sol saiu à noite, sóbrio! São, lúcido, silencioso achando que não seria notado.
O galo reclamou ao sol, que havia surgido antes que ele o anunciasse com seu canto. Operários se sentiram atrasados e os bóias-frias já sabiam que não teriam seu sustento do dia. Os boêmios entenderam que já era hora de voltar pra casa, mas estranharam como aquela noite fora curta.
O sol, porém respondeu ao galo que melhor assim seria, sem anuncio do raiar do dia. Disse aos operários que ainda estava em tempo de trabalhar, e que não precisavam se apressar. Disse aos bóias-frias que não precisavam se aborrecer, pois lhes daria tempo extra para ganhar seu dia antes do entardecer. Porfim reclamou aos boêmios:
- Não sou eu digno de vossas homenagens? Fiquem nos bares e bebam mais, façam poemas ao meu nome, agraciem a minha beleza, sou também uma estrela. Nada seria a lua sem minha luz, portanto prestem homenagens ao astro rei.
Os boêmios foram dormir.

3 comentários:

Dani Santos disse...

Hum, será que há vida boêmia sem as noites de luar...? parece que há tanta sobriedade no claro do dia... mas não deixemos o sol se desapontar, embriaguemo-nos (de poesia, vinho, ou virtude... como diria Baudelaire... ou daquela cervejinha barata mesmo...)

Abraços, moço.

Bruna Camargo disse...

"Se ninguém condecora o sol por dar luz, para que condecoram quem é herói?"(Gabriel Monteiro).

Um abraço, e parabéns pelo blog pessoal!

Jéssica Marques disse...

"Seria o Sol indigno de poesias?"

Gostei mesmo!

www.fleur-du-matin.blogspot.com