Todos o encaram como sujeito carrancudo,fechado,de mal com a vida,nebuloso. Pudera, vive enlutado,suas vestes pretas entregam seu constante humor. Vítima de depressão,diz que encontra refúgio apenas nos cantos da casa,atrás de portas.
Costuma sair somente em dias chuvosos é quando se sente mais aberto, útil. Sempre relegado,muitas vezes esquecido,ainda reclama por fazer volume desnecessário,apresenta-se como incômodo. Pudera, as gotas d'água suas solitárias amigas não o consolam,só choram manhosas por cima dele,manhosas.
Seu nome,nada se sabe muito bem sobre isso(bem poderia ser melancolia),mas chamam-no de Guarda-Chuva,devido à função que exerce como funcionário público,fiel à sua prática,desconsolado,desconsolado. Muitas vezes embolora, coitado, sofre de doença terrível. Se por acaso desjunta uma de suas pernas então...lixo na certa,e mais solidão.
Protege a cabeça o peito de senhores,senhoras,meninos,meninas,moças e rapazes fielmente, e fica ele mesmo entregue aos impropérios dos ventos,castigos torrenciais.Altruísmo? Pura falta de opção diz pra si mesmo,pobre.
Se o viram sorrindo- bocado de tempo!, foi quando sua escala o levou até as mãos de uma velhinha vó, já fraquejada pelo tempo, que usava o senhor Guarda-Chuva também em belos e quentes dias de sol em suas curtas caminhadas até padarias, açougues, praças, casa da tia Analu. Desde então seu único amor as idosas, doces parceirinhas, pareciam compreendê-lo melhor. Emprestavam sentido à sua existência molhada.
Um dia,naquele que estava de humor tempestuoso,com ar de trovão enfurecido,moleque vento bateu nele tão,tão forte!ele escapou das mãos molengas da menina magrela e foi voando,voando qual balão.Sumiu.
Se encontrou felicidade,não-sei,não-sei.Fosse talvz a sua sina ser casmurro entojado,ao menos percorre agora campos desconhecidos ao sabor do mesmo moleque vento.E não só quando cai o céu em forma de pingo.
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