quinta-feira, 30 de outubro de 2008

O bem-estar e outras cores

O bem-estar e a hipocrisia Falo de uma pequena cidade, ótima pruma boa preguiça, boa brisa, muitos tons de verde, uma pintura por poente. Suas vias caprichosas sempre convidando ao passeio, tanto melhor se for a pé, na marcha que captura os detalhes, um andar que vem pela outra calçada, cheiros, um canto de memória num canto de quintal, passos que formam o passeio e juntos formam aquela paz, como se os deveres estivessem todos cumpridos, um pequeno lugar, que disso faz sua melhor dádiva.

Algum célebre disse que “se conhecer-mos nosso vilarejo saberemos do mundo”! ou algo assim; sei que o bem-estar não faz parte de todos os lugares, diria privilégio, já que chega a tão poucos destinos. Sendo assim, os lugares e suas mentalidades são diferentes.

Talvez queria ele dizer das coisas que são universais e humanas, como a preguiça (pelo menos eu gostaria que fosse), o medo da morte, ou a hipocrisia.

Pensando bem, nessas nossas vidas citadinas, quantas pequenas hipocrisias não praticamos em favor duma convivência ou duma vantagem vislumbrada, ou ainda para salvar o próprio couro, ou ainda ao não discutirmos questões diretamente ligadas, como o consumo de crack e o aumento de furtos e roubos, excesso de TV e outras telas e tédio mental, modas e consumismo, políticos e nossos bolsos e principalmente nosso direito de posse da cidade. Pensando bem, e o orçamento participativo?

Assim andando, me pego no meio de uma praça, entre graves palmeiras, mais velhas que as memórias mais antigas dos senhores, alguns de chapéu, que jogam cacheta e discutem política nos bancos ao lado da fonte, me pego pensando questões tão cinzas em terreno tão colorido, bem-estar e hipocrisia, um colorido um cinza.

E a sinceridade, que cor teria? Seria branca, desapegada de todas as outras cores?

Não sei, sei que as cores dizem muito, e são sinceras, mostram no ato num vermelho de raiva, ou num verde de calma, num esnobe cinza e prata, num orgulhoso dourado, no preto sua rebeldia ou gala, assim convivendo coloridos e cinzas, pintando o tecido social deste lugar.

Estou agora com os pés n’água, até os joelhos dentro do rio, verde este, espelhado de tão calmo, pois o ar também está, e eu também estou, estou até azul de fome, fome de um abraço apertado e assim sincero, como esta tarde.




3 comentários:

João Rafael disse...

nossa
li esse texto e até fiquei com saudade de piraju!
pronto
o momento gay passou, deixa eu voltar a finjir que sou insensivel, que merda de texto!, muito bonitinho pro meu gosto!

Euterpe disse...

Maravilhoso texto, diz muito sobre o que todo pirajuense sente.

Luis Eduardo Veloso Garcia disse...

"me pego pensando questões tão cinzas em terreno tão colorido"

Essa frase é uma daquelas q dá vontade de roubar e falar q é nossa!!
Ótimo texto, todoi pirajuense deve ter se enxergado perante a cena da praça, descrição precisa e sentimental ao mesmo tempo, parabens!